Impedanciometria
A impedanciometria envolve a timpanometria e a pesquisa do reflexo estapédio.
Quando o ouvido médio e a tuba são normais, a melhor complacência do sistema vai ocorrer mediante uma pressão no CAE semelhante à pressão atmosférica uma vez que a pressão no ouvido médio também vai se igualar à pressão atmosférica (P CAE = P OM = P atm).
Timpanometria:
A timpanometria é usada para diferenciar as patologias condutivas entre si e também permite inferir sobre o funcionameto da tuba auditiva.
O probe do impedanciômetro deve estar perfeitamete adaptado ao CAE do paciente ; consiste de 3 tubos:
- 1 microfone que mede o som refletido
- 1 plug que envia um som de 226Hz a 90dB NS
- 1 manômetro que altera a pressão (mmH2O) dentro do CAE
Em um ouvido normal, à medida em que se aumenta a pressão dentro do CAE estaremos empurrando o sistema timpano-ossicular contra a janela oval, aumentando portanto a impedância do sistema. Da mesma forma, à medida em que diminuímos a press¦o no CAE, também diminuímos a complacência do sistema por estarmos tracionando o conjunto timpano-ossicular. A complacência máxima deve ser atingida com uma pressão de zero imposta ao sistema, já que no ouvido normal a pressão dentro do ouvido médio deve se equiparar à pressão atmosférica.
Quando a complacência do ouvido médio está diminuída, o som oferecido ao CAE vai ser pouco transmitido ao ouvido interno e portanto estaremos recebendo de volta no probe microfone boa parte do som oferecido pelo probe receptor. É com esses dados que podemos gravar os seguintes timpanogramas:
TIPO A: é considerado timpanograma normal, sendo o pico de complacência a uma pressão de zero
TIPO As: s = ´stiffness´; é curva sugestiva, embora não obrigatória de otosclerose. Existe um pico de complacência porém mais baixo que o de uma curva normal.
TIPO Ad: d = desarticulação; é curva típica de desarticulação do sistema timpano-ossicular e portanto o pico de complacência é muito maior que o de uma curva normal
TIPO B: sugere presença de efusão no ouvido médio, uma vez que não se consegue pico de complacência por mais que se diminua a pressão oferecida ao CAE.
TIPO C: o pico de complacência se dá a pressões mais negativas, o que ocorre pois também existe pressão negativa no ouvido médio. É curva sugestiva de disfunção tubárea.
Deve-se atentar para não confundir uma curva do tipo B com uma curva típica de perfuração de MT, onde encontramos curva completamente achatada.
Reflexo Estapédio:
O estudo do reflexo estapédio leva em consideração a mudança da impedância do aparelho timpano-ossicular mediante a contração do músculo do estribo.
Entre outras funções, alguns autores inferem ao músculo do estribo a função de proteger o ouvido interno dos sons de alta intensidade oferecidos ao CAE, e, sugerindo que a sua contração aumentaria a impedância do ouvido médio, diminuindo a pressão sonora que chega à janela oval.
Para que exista o reflexo estapédio devemos ter:
- Membrana timpânica intacta
- Boa mobilidade do sistema timpano-ossicular
- Gap aéreo-osseo menor que 10dB
- VII e VIII pares normais
- Perda neurosensorial menor que 70dB (a menos que o paciente seja recrutante) já que o impedanciômetro não consegue oferecer ao CAE um estímulo sonoro maior que 160dB.
Podem ser medidos os reflexos ipsi e contra-laterais:
- Ipsilateral D: aferência D e eferência D
- E: aferência E e eferência E
- Contra-lateral D: aferência D e eferência E
- E: aferência E e eferência D
Aplicações práticas do teste do reflexo estapédio:
a) O reflexo ipsilateral permite ao médico avaliar a integridade da via aferente do reflexo (nervo coclear) e da sua via eferente (n. facial), além da integridade do ouvido médio. O reflexo contra-lateral ainda nos permite avaliar a função do tronco cerebral.
b) No caso de paralisia facial com ouvido médio e VIII normais, o reflexo estapédio pode ser um importante teste na localização do nível de lesão do VII.
c) O reflexo estapédio deve ser desencadeado a uma intensidade de 70 a 90dB NS acima do limiar tonal. Quando tal reflexo é desencadeado com menos de 60dBs acima do limiar tonal, estamos diante do fenômeno de recrutamento, muito sugestivo de lesão coclear (lesão das células ciliares externas).Quanto menor a diferença entre o limiar audiométrico e o limiar estapédio, maior o recrutamento.
d) Pacientes com lesão coclear podem apresentar reflexo normal, serem recrutantes ou terem o reflexo ausente, dependendo do grau de lesão.
e) Na presença de neurinoma do acústico com limiar tonal normal, o reflexo estapédio está ausente em 30% dos casos; já na presença de neurinoma com perda de 30dB, o reflexo estapédio está ausente em 70% dos casos.